mas não saiu da Frente Popular”
Jorge Viana foi pontual. Na noite anterior, havia hospedado em sua casa, na Chácara Ipê, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é grande amigo. Conversaram muito sobre política, a saída da senadora Marina Silva do PT e os investimentos que estão previstos para ser realizados no Acre nos próximos anos.
Bem disposto, às 10h30, estacionou o carro em frente ao prédio onde funciona seu escritório. Antes de alcançar os 42 degraus que sobe diariamente quando está em Rio Branco, conversou com os transeuntes e cumprimentou clientes e vendedoras de uma loja de confecções instalada no térreo.
O jornalista chegou quase ao mesmo tempo. Deu para perceber que, mesmo fora do governo e sem mandato, Viana continua com o prestígio em alta. Após apresentar as instalações, que também foram escritório do governador Binho Marques e do prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, recebeu a imprensa para falar de um dos seus assuntos principais: a política.
O escritório de trabalho do ex-governador está localizado no Edifício Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis. As instalações são simples, mas recheadas de bom gosto. Nas paredes, foto de um Acre antigo com obras realizadas durante os oito anos que esteve no governo decora o ambiente.
Também há textos de Leonardo Boff, Fernando Sabino e a letra da música Sal da Terra, de autoria do mineiro Beto Guedes. Entre as fotografias de cunho pessoal, uma chama a atenção: Jorge Viana está entre o presidente Lula e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. É amigo de ambos.
Jorge Viana está animado. Seis quilos mais magros, resultado das caminhadas diárias. “Eu começo a correr no Parque do Tucumã, quando me dou conta estou no Bujari”, diz em tom de brincadeira. É uma forma de provocar os amigos sedentários.
Não é preciso muito tempo de conversa para perceber que o ex-governador não está correndo tanto. Tranquilo, falou sobre assuntos que estão intrinsecamente ligados ao futuro do Acre, do PT e da Frente Popular, coligação que nasceu com a sua candidatura ao governo em 1990 e que caminha para completar 20 anos em 2010.
Na entrevista, também negou que a saída da senadora Marina Silva venha prejudicar o Acre. Ele disse: “A Marina saiu do PT, mas não saiu da FPA”. Veja os principais trechos da entrevista.
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Saída de Marina
“Há uma nova história no Acre após a saída de Marina do PT. Mas é importante destacar que ela saiu do partido, mas continua na FPA. Ela, inclusive, pediu para a gente levar o projeto adiante, porque é isso que tem o seu apoio. Tudo envolve sentimento, história, passado e futuro. Nós ficamos para cuidar da herança do bem.”
Olhos brilhando
“A saída de Marina nos impôs um novo desafio. É bom destacar que nos orgulhamos de ter uma acreana nesse patamar. Estou muito animado porque temos um desafio legal. Temos que fazer um rearranjo na Frente Popular. Os meus olhos estão brilhando.”
Pedido de união
“Tanto a Marina quanto o Lula pediram para a gente permanecer unidos. É isso que faremos para o Binho terminar bem o seu governo.”
Causa de vida
“É possível que Marina não concorra a nada. Ela pode até ficar sem partido, mas jamais ficará sem causa. Sua decisão atende a um chamamento de uma causa de vida. É bom destacar que ela não está negando o PT. Quem pegar o caminho para estabelecer o confronto tomará o rumo errado.”
Mexida no jogo
“É claro que uma candidatura de Marina à Presidência da República mexerá no jogo da sucessão, que deixará de ser uma eleição bipolar, entre dois candidatos. Será uma campanha diferenciada, haja vista que Marina tem um talento diferenciado e fora dos padrões normais.”
Sem previsão
“A candidatura de Marina seria muito pequena se fosse pautada no fato de ser contra ou a favor de uma candidatura, como andam dizendo. Sei que ela não se submeteria a isso. Não posso prevê aonde ela chegará, mas sei que tem potencial para ir longe.”
Voto presidencial
“Somos do PT e somos disciplinados partidariamente”.
Coordenação de campanha
“Nunca fui convidado para ser coordenador da campanha da ministra Dilma Rousseff, mas sei que eu, o senador Tião Viana e o governador Binho Marques temos as nossas responsabilidades no processo.”
Lula e o Acre
“O Acre é um caso à parte na relação com o presidente Lula. É uma relação afetiva, que está preservada. A vinda dele na sexta-feira foi a demonstração de que as coisas não terão sobressaltos. O Acre é um canteiro de obras, graças ao movimento político que foi iniciado por nós e as relações de confiança que construímos. O presidente enterrou a visão pessimista de que sofreríamos qualquer tipo de boicote.”
Respeito em Brasília
“Somos respeitados em Brasília. Alcançamos um espaço que muita gente inveja. Temos que zelar por esse patrimônio. É bom lembrar que o Acre sempre esteve inserido nos grandes temas nacionais, desde a sua colonização.”
PT nacional
“Os fracassos que nós estamos tendo no campo nacional são resultado de uma relação equivocada, que muitas vezes beira a irresponsabilidade. O cenário impõe um enfrentamento entre o PT e o PSDB, que obriga o presidente Lula a fazer alianças com partidos que estão a alguns degraus abaixo do que as duas agremiações pensam.”
Linha imaginária
“O PT ultrapassou a linha imaginária do que pode ser tolerado pela população. Há um desafio posto para restabelecer a aliança com o povo. Nós elegemos o Lula, mas deixamos o comandos do Legislativo nas mãos dos adversários.”
Depois de Lula
“Após o governo do presidente Lula, o PT precisa fazer um reencontro com sua origem. Isso será fundamental para um partido que pretende ter vida longa.”
Confronto paulista
“As alianças com outros partidos obrigam o pragmatismo perverso e ruim. Creio que esse confronto nacional do PT e do PSDB é fruto do confronto em São Paulo, Estado onde os dois partidos nasceram e disputam espaço.”
Aliança longe
“Sou uma aliancista nato. Mas acho que está longe uma aliança nacional entre o PT e o PSDB. Acredito, porém, na possibilidade de um diálogo para nenhum dos dois partidos ficar refém da política atrasada.”
Frente Popular
“Esse é um momento para reafirmar a Frente Popular, demonstrando união para sermos merecedores no futuro. Devemos ser zelosos porque é algo que está dando frutos e filhos bons. A gente sempre foi unido. Numa eleição, o que faz a diferença são as boas propostas e o coração.”
Desafio de reinventar
“A melhor maneira de fazer as coisas é estando no governo. A gente tem que aprender a conservar as coisas que foram feitas. Mas na política vivemos o desafio de reinventar no ponto de vista de práticas e de ideias. Na política, conservar significa não parar de sonhar e realizar.”
A campanha
“A campanha da Frente Popular deve estar presa na possibilidade do que podemos fazer para o futuro. É importante lembrar o que fizemos até aqui, mas temos que continuar sendo merecedores da confiança da população. Não se pode perder de vista que a gente não se elege. A gente é eleito.”
Vitória política
“A exemplo do que tivemos em 2006, quando elegemos Binho governador, devemos trabalhar para termos uma grande e consagradora vitória política. Precisamos nos reencontrar com o passado de vitórias e com um futuro de conquistas. Para isso, é fundamental chamar novas lideranças, sem desconsiderar as mais antigas.”
Formação de chapas
“Não tem nada definido. O que houve foi um posicionamento do governador Binho Marques falando da chapa dos seus sonhos, que seria o senador Tião Viana concorrendo ao governo, tendo eu e a companheira Marina na disputa para o Senado.”
Chapa necessária
“Diante da nova realidade, talvez tenhamos que montar a chapa necessária. Essa será uma definição mais dentro da Frente Popular do que dentro dos partidos. É hora de os partidos mostrarem maturidade. É hora do coletivo. Tenho certeza de que briga não haverá. A chapa será montada a partir da vontade do coletivo.”
Vagas do PT
“Tem gente fazendo a conta errada. O PT, até a saída de Marina, tinha duas vagas. Caso saiamos vitoriosos, permaneceremos com as mesmas duas. Acho pouco provável que um partido indique os dois nomes que concorrerão ao Senado pela Frente Popular.”
Futuro de Binho
“Binho disse: ‘Eu preciso de um tempo’. Ele está trabalhando direto há muitos anos. Acho que, se alguém chamá-lo para ser candidato, pode levar umas pedradas.”
Eleição do Tião
“Tenho esperança de que o Tião, caso seja candidato ao governo, ganhe no primeiro turno.”
Candidatura ao Senado
“Nunca me ofereci para concorrer a nada. Sempre fui convidado. Se for convocado pela Frente Popular, estou pronto para entrar em campo.”
Bem disposto, às 10h30, estacionou o carro em frente ao prédio onde funciona seu escritório. Antes de alcançar os 42 degraus que sobe diariamente quando está em Rio Branco, conversou com os transeuntes e cumprimentou clientes e vendedoras de uma loja de confecções instalada no térreo.
O jornalista chegou quase ao mesmo tempo. Deu para perceber que, mesmo fora do governo e sem mandato, Viana continua com o prestígio em alta. Após apresentar as instalações, que também foram escritório do governador Binho Marques e do prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, recebeu a imprensa para falar de um dos seus assuntos principais: a política.
O escritório de trabalho do ex-governador está localizado no Edifício Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis. As instalações são simples, mas recheadas de bom gosto. Nas paredes, foto de um Acre antigo com obras realizadas durante os oito anos que esteve no governo decora o ambiente.
Também há textos de Leonardo Boff, Fernando Sabino e a letra da música Sal da Terra, de autoria do mineiro Beto Guedes. Entre as fotografias de cunho pessoal, uma chama a atenção: Jorge Viana está entre o presidente Lula e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. É amigo de ambos.
Jorge Viana está animado. Seis quilos mais magros, resultado das caminhadas diárias. “Eu começo a correr no Parque do Tucumã, quando me dou conta estou no Bujari”, diz em tom de brincadeira. É uma forma de provocar os amigos sedentários.
Não é preciso muito tempo de conversa para perceber que o ex-governador não está correndo tanto. Tranquilo, falou sobre assuntos que estão intrinsecamente ligados ao futuro do Acre, do PT e da Frente Popular, coligação que nasceu com a sua candidatura ao governo em 1990 e que caminha para completar 20 anos em 2010.
Na entrevista, também negou que a saída da senadora Marina Silva venha prejudicar o Acre. Ele disse: “A Marina saiu do PT, mas não saiu da FPA”. Veja os principais trechos da entrevista.
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Saída de Marina
“Há uma nova história no Acre após a saída de Marina do PT. Mas é importante destacar que ela saiu do partido, mas continua na FPA. Ela, inclusive, pediu para a gente levar o projeto adiante, porque é isso que tem o seu apoio. Tudo envolve sentimento, história, passado e futuro. Nós ficamos para cuidar da herança do bem.”
Olhos brilhando
“A saída de Marina nos impôs um novo desafio. É bom destacar que nos orgulhamos de ter uma acreana nesse patamar. Estou muito animado porque temos um desafio legal. Temos que fazer um rearranjo na Frente Popular. Os meus olhos estão brilhando.”
Pedido de união
“Tanto a Marina quanto o Lula pediram para a gente permanecer unidos. É isso que faremos para o Binho terminar bem o seu governo.”
Causa de vida
“É possível que Marina não concorra a nada. Ela pode até ficar sem partido, mas jamais ficará sem causa. Sua decisão atende a um chamamento de uma causa de vida. É bom destacar que ela não está negando o PT. Quem pegar o caminho para estabelecer o confronto tomará o rumo errado.”
Mexida no jogo
“É claro que uma candidatura de Marina à Presidência da República mexerá no jogo da sucessão, que deixará de ser uma eleição bipolar, entre dois candidatos. Será uma campanha diferenciada, haja vista que Marina tem um talento diferenciado e fora dos padrões normais.”
Sem previsão
“A candidatura de Marina seria muito pequena se fosse pautada no fato de ser contra ou a favor de uma candidatura, como andam dizendo. Sei que ela não se submeteria a isso. Não posso prevê aonde ela chegará, mas sei que tem potencial para ir longe.”
Voto presidencial
“Somos do PT e somos disciplinados partidariamente”.
Coordenação de campanha
“Nunca fui convidado para ser coordenador da campanha da ministra Dilma Rousseff, mas sei que eu, o senador Tião Viana e o governador Binho Marques temos as nossas responsabilidades no processo.”
Lula e o Acre
“O Acre é um caso à parte na relação com o presidente Lula. É uma relação afetiva, que está preservada. A vinda dele na sexta-feira foi a demonstração de que as coisas não terão sobressaltos. O Acre é um canteiro de obras, graças ao movimento político que foi iniciado por nós e as relações de confiança que construímos. O presidente enterrou a visão pessimista de que sofreríamos qualquer tipo de boicote.”
Respeito em Brasília
“Somos respeitados em Brasília. Alcançamos um espaço que muita gente inveja. Temos que zelar por esse patrimônio. É bom lembrar que o Acre sempre esteve inserido nos grandes temas nacionais, desde a sua colonização.”
PT nacional
“Os fracassos que nós estamos tendo no campo nacional são resultado de uma relação equivocada, que muitas vezes beira a irresponsabilidade. O cenário impõe um enfrentamento entre o PT e o PSDB, que obriga o presidente Lula a fazer alianças com partidos que estão a alguns degraus abaixo do que as duas agremiações pensam.”
Linha imaginária
“O PT ultrapassou a linha imaginária do que pode ser tolerado pela população. Há um desafio posto para restabelecer a aliança com o povo. Nós elegemos o Lula, mas deixamos o comandos do Legislativo nas mãos dos adversários.”
Depois de Lula
“Após o governo do presidente Lula, o PT precisa fazer um reencontro com sua origem. Isso será fundamental para um partido que pretende ter vida longa.”
Confronto paulista
“As alianças com outros partidos obrigam o pragmatismo perverso e ruim. Creio que esse confronto nacional do PT e do PSDB é fruto do confronto em São Paulo, Estado onde os dois partidos nasceram e disputam espaço.”
Aliança longe
“Sou uma aliancista nato. Mas acho que está longe uma aliança nacional entre o PT e o PSDB. Acredito, porém, na possibilidade de um diálogo para nenhum dos dois partidos ficar refém da política atrasada.”
Frente Popular
“Esse é um momento para reafirmar a Frente Popular, demonstrando união para sermos merecedores no futuro. Devemos ser zelosos porque é algo que está dando frutos e filhos bons. A gente sempre foi unido. Numa eleição, o que faz a diferença são as boas propostas e o coração.”
Desafio de reinventar
“A melhor maneira de fazer as coisas é estando no governo. A gente tem que aprender a conservar as coisas que foram feitas. Mas na política vivemos o desafio de reinventar no ponto de vista de práticas e de ideias. Na política, conservar significa não parar de sonhar e realizar.”
A campanha
“A campanha da Frente Popular deve estar presa na possibilidade do que podemos fazer para o futuro. É importante lembrar o que fizemos até aqui, mas temos que continuar sendo merecedores da confiança da população. Não se pode perder de vista que a gente não se elege. A gente é eleito.”
Vitória política
“A exemplo do que tivemos em 2006, quando elegemos Binho governador, devemos trabalhar para termos uma grande e consagradora vitória política. Precisamos nos reencontrar com o passado de vitórias e com um futuro de conquistas. Para isso, é fundamental chamar novas lideranças, sem desconsiderar as mais antigas.”
Formação de chapas
“Não tem nada definido. O que houve foi um posicionamento do governador Binho Marques falando da chapa dos seus sonhos, que seria o senador Tião Viana concorrendo ao governo, tendo eu e a companheira Marina na disputa para o Senado.”
Chapa necessária
“Diante da nova realidade, talvez tenhamos que montar a chapa necessária. Essa será uma definição mais dentro da Frente Popular do que dentro dos partidos. É hora de os partidos mostrarem maturidade. É hora do coletivo. Tenho certeza de que briga não haverá. A chapa será montada a partir da vontade do coletivo.”
Vagas do PT
“Tem gente fazendo a conta errada. O PT, até a saída de Marina, tinha duas vagas. Caso saiamos vitoriosos, permaneceremos com as mesmas duas. Acho pouco provável que um partido indique os dois nomes que concorrerão ao Senado pela Frente Popular.”
Futuro de Binho
“Binho disse: ‘Eu preciso de um tempo’. Ele está trabalhando direto há muitos anos. Acho que, se alguém chamá-lo para ser candidato, pode levar umas pedradas.”
Eleição do Tião
“Tenho esperança de que o Tião, caso seja candidato ao governo, ganhe no primeiro turno.”
Candidatura ao Senado
“Nunca me ofereci para concorrer a nada. Sempre fui convidado. Se for convocado pela Frente Popular, estou pronto para entrar em campo.”
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