quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A fogueira de Joana D’Arc
Ela chegou cedo. Sentou no local que lhe foi destinado. No rosto, trazia uma pintura com motivos kaxinawa – “uma homenagem às mulheres indígenas da Amazônia”.

Ativista dos Direitos Humanos, a advogada Joana D’Arc prometeu um depoimento bombástico na CPI da Exploração Sexual instalada pela Assembléia Legislativa. Não apresentou um traque.


Prometeu, mas não cumpriu.


À sua frente, o notebook era mera peça de decoração. As supostas informações da depoente estavam rabiscadas em folhas de papel soltas.

Mostrando-se nervosa, a depoente começou requentando uma história antiga. Destilou acusações contra o assessor dos Povos Indígenas do governo do Estado, Francisco Pinhanta. Não trouxe novidade.


Em seguida, caminhou para o Judiciário e o Ministério Público Federal.


Fez acusações contra o juiz Pedro Longo e o promotor Dayan Albuquerque, que trabalharam em Sena Madureira. Não apresentou qualquer prova.

No caso do juiz, declarou que a desembargadora Eva Evangelista agiu de forma correta ao mandar arquivar o processo porque não havia denúncia formalizada por nenhuma vítima.


Quanto ao promotor, afirmou não ter maiores conhecimentos.


Joana D’Arc compareceu ao auditório Félix Bestene nitidamente com o pavio acesso para tocar fogo na fogueira da inquisição. Acabou se queimando.


A advogada quase torra quando fez a acusação contra o superintendente do Ibama, Anselmo Forneck.


D’Arc afirmou que Forneck houvera mantido uma relação forçada há cerca de 17 anos com uma menos indígenas. A afirmação não durou muito tempo.


Ivanildes Brandão, índia kaxinawa invocada como testemunha da advogada, apagou o principio de incêndio ao declarar que a relação foi um caso amoroso, tendo dele sido gerado um filho.


Joana D’Arc não convenceu ninguém. A montanha gerou um rato.


Os deputados presentes à CPI não saíram convencidos de que a depoente falava coisa com coisa.


Relator da comissão, o deputado Donald Fernandes (PSDB) classificou as acusações como levianas e irresponsáveis.


Fernandes indagou: “Como se pode condenar pessoas sem nenhuma prova?”.


As intervenções feitas pelos deputados Edvaldo Magalhães (PC do B) e Luiz Calixto (PSL) minaram as resistências e a falta de substância da acusadora.

Um dos deputados, numa das muitas saída para ir ao banheiro declarou: “É uma mulher muita evasiva. Diz saber de tudo, mas não sabe de nada”.


Joana D’Arc , a heroína francesa da Guerra dos Cem Anos, foi queimada na fogueira da inquisição injustamente.


Joana D’Arc, a advogada acreana, saiu do depoimento na CPI queimada na credibilidade. Falou muito, mas apresentou pouco.


Mas nem tudo é desconsolo.


Diante de uma platéia estupefata pela falta de substância no depoimento, no fim do auditório, ouviram-se palmas para Joana D’Arc. Saíram das mãos do ex-ativista dos Direitos Humanos Eudo Lustosa, condenado a cinco anos por tráfico de drogas. Ele foi preso no Aeroporto de Brasília com 6,8 quilos de cocaína.


A foto é do craque Odair Leal.

Nenhum comentário: