segunda-feira, 11 de abril de 2011

Poronga de domingo

“Não negociemos pelo medo,
mas não tenhamos medo de negociar.”
(John F. Kennedy)

Cem dias de governo

Um dos discursos mais importantes da história da política mundial é o da posse do presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy, no dia 20 de janeiro de 1961.

Portador da esperança norte-americana, Kennedy pregou mudanças profundas nas relações do seu país com o mundo e com seus cidadãos, mas sabia das dificuldades que enfrentaria no caminho.

Diante de uma plateia atenta esperançosa, disse: “Nada disso será concluído nos primeiros cem dias. Nem nos primeiros mil dias, nem mesmo durante o mandato desta administração, nem, quem sabe, durante o nosso tempo de vida neste planeta. Vamos começar!”.

No discurso do norte-americano, ficou subentendido que ele queria evitar a tal avaliação de cem dias que marca a administração pública mundial. Também estava ciente de que os problemas de um país são constantes e necessitam de comprometimento de todos para serem solucionados.

Kennedy morreu cedo. Foi assassinado. A praxe de avaliar uma administração quando ela completa os cem primeiros dias permaneceu.

Aqui no Acre, o governo do petista Tião Viana completa hoje esse prazo.

Antes mesmo de assumir, porém, Tião Viana avisou que esse não era o prazo que gostaria de ter para a primeira avaliação da sua administração. E impôs mais 20 dias para que isso ocorra.

A postura de Viana confronta com algo imposto pela imprensa do mundo ao longo de anos, pois não há nada na literatura ou na liturgia do cargo que obrigue o governante a fazer essa prestação de contas prévia.

A história dos cem dias, aliás, teve origem em um fato histórico que não guarda vínculo com a administração pública. Esse foi o tempo em que o francês Napoleão Bonaparte passou exilado na Ilha de Elba, de onde saiu para assumir como imperador da França

Embora não seja obrigação do administrador se submeter a essa avaliação e não haja literatura a respeito, é possível, sim, avaliar os primeiros passos dados até agora.

Está claro que Tião Viana vem procurando seguir os compromissos firmados com a população acreana durante o processo eleitoral do ano passado. Basta verificar a proposta de plano de governo que apresentou à Justiça Eleitoral.

O governo decidiu atacar pontos considerados vulneráveis no projeto político administrativo do PT e dos partidos que formam a Frente Popular do Acre.

Um dos principais pontos vulneráveis é a relação de membros do governo com o conjunto da população. A acomodação e a autossuficiência de alguns terminaram por comprometer o projeto de governo e abriram flancos para que a oposição ganhasse espaço.

Médico por formação, o governador logo diagnosticou essa ferida e tem procurado se manter mais próximo das pessoas. Recomendou aos seus assessores que se portem com humildade e compreendam que o governo realmente é do povo.

Setores considerados nevrálgicos em qualquer governo, a saúde e a segurança pública merecem cuidado especial. Ambos, cada uma a sua maneira, estão relacionados ao bem mais precioso do ser humano: a vida.

Nesses primeiros dias de governo, nota-se também uma preocupação nunca antes vista com o setor produtivo. Em pouco tempo foram anunciados robustos investimentos na agricultura, piscicultura, pecuária e em toda a cadeia produtiva.

A Zona de Processamento de Exportação é vista como uma porta de possibilidades para a entrada e saída de investimentos capazes de gerar emprego e renda e fomentar a industrialização do Estado.

Tião Viana é o quarto governador consecutivo do PT no Acre. É representante de um projeto político que, cheio de erros e acertos, mudou a história e a trajetória do Estado.

Essa condição permite ao governador benefícios por não ter que reconstruir e reestruturar o Estado, mas também traz complicadores para solucionar o desgaste natural do poder.

A atual administração, embora signifique a continuação de um projeto iniciado há doze anos, tem que conviver mais com os ônus do que com os bônus das que a antecederam.

O nível de exigência da população acreana é muito maior do que o de 1999, quando o petista Jorge Viana assumiu o governo com a missão de, pelo menos, resgatar a autoestima de um povo que não tinha orgulho de ser cidadão do Acre.

A população é mais exigente do que em 2006, quando elegeu Binho Marques para continuar o trabalho feito nos oitos anos anteriores por Jorge Viana.

Longe de assustar, essa nova realidade tem que servir como estimulante. Quem está no governo deve ter consciência das palavras de Kennedy há 50 anos, pois nada será concluído nos primeiros cem dias.

Também não teremos um Estado pronto e acabado nem nos primeiros mil dias, nem mesmo durante o mandato desta administração.

O Acre não estará completamente preparado nem durante o nosso tempo de vida neste planeta. Mas Tião Viana e sua equipe devem trabalhar para entregar a tocha para uma nova geração sem que o pavio da esperança se apague, sempre tendo claro que um governante é lembrado pelo legado que deixa para a história e as futuras gerações.

Coleta de assinaturas
Anunciado: o PSD necessita de 500 mil assinaturas para ser registrado como partido. A missão não será difícil para os interessados em se acomodar na legenda.

Dia 13
O PSD nasce tão atrelado ao governo da presidenta Dilma Rousseff que deverá ser lançado dia 13, em Brasília.

Proibição de Lima
Presidente estadual do DEM, o ex-deputado N. Lima proibiu a presença de qualquer filiado no partido no ato que contou com a presença de Gilberto Kassab. A proibição foi de pouca valia.

O repúdio
Usando tom duro, N. Lima repudiou o que classificou de tentativas de Kassab em arregimentar simpatizantes para seu projeto político dentro do DEM. O ex-deputado deveria ser firme também contra o amigo Sérgio Petecão.

Reforço na equipe
Aníbal Diniz (PT) reforçou sua equipe no Senado. O ex-secretário da Seaprof Nilton Cosson e a ex-assessora de Comunicação Tainá Pires foram nomeados para o gabinete do senador petista.

Grêmios estudantis
Ainda há movimento estudantil. Várias escolas da rede pública se mobilizam para a eleição dos dirigentes dos grêmios. É bom saber que a juventude gosta de participar ativamente da política.

Tendências unidas
Na eleição do grêmio do CEBRB, todas as tendências do PT começaram o jogo dispersas. Quando perceberam que seriam derrotadas, resolveram se unir.

Previsão do Lhé
Por telefone, o velho militante Abrahim Lhé Farhat previu que vem mais água por aí: “A experiência trazida pelos meus cabelos brancos diz que este ano haverá o repiquete da Semana Santa”. Segundo ele, esse fenômeno ocorre a cada 10 anos.

Recorde de reclamações
A prefeitura de Feijó é a recordista de reclamação nos microfones da Rádio Difusora Acreana. Sem espaço no município, os moradores telefonam para a emissora e soltam a voz contra a prefeitura do senhor Dindim Pinheiro (PSDB).

Edvaldo em Lima
O comunista Edvaldo Magalhães está em Lima. Ele foi indicado pelo PC do B para acompanhar as eleições presidenciais do Peru, que acontecem hoje, na condição de observador internacional do partido. O candidato da esquerda lidera as pesquisas. Diga, leitor, se o Acre não é enjoado...

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