domingo, 13 de abril de 2008

A escrita do juiz
O juiz aposentado Rivaldo Guimarães Batista fez sua estréia como articulista do jornal Página 20, neste domingo.

Foi para cima do tucano Tião Bocalom.

Leia o texto muito bem escrito abaixo:

O homem que errou o caminho

O rechonchudo Élson Dantas intimou-me a escrever um artigo para este domingo. É uma tarefa árdua, tendo em vista que há muito tempo não redijo absolutamente nada (até o preenchimento de cheque foi substituído pelo cartão de crédito). Agora a trágica pergunta: escrevinhar sobre o quê? Justiça? - essa não se modificou, não tem novidade, ainda navega ao sabor das ondas de inspiração imperial; Igreja? – se católica, o nosso bravo Bento XVI não aceita qualquer avanço para adequá-la ao mundo moderno; se evangélica (não me refiro àquelas pegue-pague), corro o risco de confundir o pastor com um político.

Penso no futebol, mas logo desisto porque já faz algum tempo que não assisto a qualquer jogo deste esporte no Acre; se do carioca, os jornais são abundantes no noticiário... Pronto: achei o que queria. Não vou escrever sobre política (matéria que não me atrai), mas sobre um político em especial: o auto intitulado cacique do PSDB acreano e líder dos povos acrelandenses Sebastião Bocalon.

A impressão que me dá é que esse cidadão errou o caminho. Esperto e oportunista, ele deveria ter ficado em Rondônia. Lá, pessoas de sua estirpe se deram bem. Com um pouco de esforço e algum investimento, assumiram o governo, dominaram a assembléia legislativa, se infiltraram no judiciário, tornaram-se grandes empresários, donos de televisões e de jornais, e ainda comandam (alguns) o narcotráfico. Enquanto isso, o rondoniense nativo ficou a chupar os dedos...

A trajetória de Bocalon em terras acreanas, segundo consta, começou quando migrou para a incipiente vila Redenção, hoje Acrelândia. Ali foi montar uma serraria, aproveitando-se da vasta matéria-prima existente na área (aliás, a sede do município surgiu dentro da reserva florestal demarcada pela COLONACRE na implantação do projeto). Neste projeto o governo da época procurou evitar as distorções verificadas em outras colonizações: construiu ramais pavimentados com piçarra, escolas de 1º grau, posto de saúde com enfermeiro residente, revenda de insumos, armazéns que operavam, inclusive, EGS e AGF; edificou pontes, fez bueiros, além de construir diversos açudes nas propriedades dos parceleiros.

Com essa infra-estrutura montada, os colonos começaram a produzir alimentos em alta escala e isso favoreceu o aglomerado humano que acorreu para aquela área. Transformada em município no governo Edmundo Pinto, eis que o nosso personagem, coligado com a frente popular, elege-se prefeito da cidade e a partir de então Bocalon se arvora de líder municipal e principal responsável pela pujança de Acrelândia. Ao fazer tais afirmações, ele tomou para si o resultado de um trabalho feito por muitos que ajudaram a consolidar o projeto Redenção. Tenho fundadas dúvidas quanto à sua capacidade administrativa, haja vista que esse arrivista passou quatro anos como secretário de agricultura no governo Jorge Viana e até hoje não disse, ainda, o que foi fazer ali.

Agora, Bocalon resolve lançar-se candidato a prefeito de Rio Branco. Cá com meus botões, é muita pretensão deste oportunista travestido de empresário e político. Ainda bem que o povo acreano, diferentemente do rondoniense, não aceita e nem acata esses “salvadores da pátria” sem escrúpulos e sem noção de ridículo.

Em resumo, acredito que Bocalon passou do ponto. Ele deveria ter descido do ônibus na parada de Porto Velho. Lá, pelo menos, ele iria encontrar identidade para o seu ego megalomaníaco.

Dizia minha avó de saudosa memória: o pior idiota é aquele que pensa que todo mundo é idiota..

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